domingo, 26 de agosto de 2012

Yvonne do Amaral Pereira









Yvonne do Amaral Pereira




Nasceu em 24/12/1900 na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, hoje Rio das Flores, sul do Estado do Rio de Janeiro, às 6 horas da manhã. O pai, um pequeno negociante, Manoel José Pereira Filho e a mãe Elizabeth do Amaral Pereira. Teve 5 irmãos mais moços e um mais velho, filho do primeiro casamento da mãe.







Aos 29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a deixou como morta (catalepsia ou morte aparente). O fenômeno foi fruto dos muitos complexos que carregava no espírito, já que, na última existência terrestre, morrera afogada por suicídio. Durante 6 horas permaneceu nesse estado. O médico e o farmacêutico atestaram morte por sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul. O caixãozinho branco foi encomendado. A mãe se retirou a um aposento, onde fez uma sincera e fervorosa prece a Maria de Nazaré, pedindo para que a situação fosse definida, pois, não acreditava que a filha estivesse morta. Instantes depois, a criança acorda aos prantos. Todos os preparativos foram desfeitos. O funeral foi cancelado e a vida seguiu seu curso normal. 



O pai, generoso de coração, desinteressado dos bens materiais, entrou em falência por três vezes, pois favorecia os fregueses em prejuízo próprio. Mais tarde, tornou-se funcionário público, cargo que ocupou até sua desencarnação, em 1935. O lar sempre foi pobre o modesto, conheceu dificuldades inerentes ao seu estado social, o que, segundo ela, a beneficiou muito, pois bem cedo alheou-se das vaidades mundanas e compreendeu as necessidades do próximo. O exemplo de conduta dos pais teve influência capital no futuro comportamento da médium. Era comum albergar na casa pessoas necessitadas e mendigos.


Aos 4 anos já se comunicava audio-visualmente com os espíritos, aos quais considerava pessoas normais encarnadas. Duas entidades eram particularmente caras: O espírito Charles, a quem considerava pai terreno real, devido a lembranças vivas de uma encarnação passada, em que este espírito fora seu pai carnal. Charles, o espírito elevado, foi seu orientador durante toda a sua vida e atividade mediúnica. O espírito Roberto de Canalejas, que foi médico espanhol em meados do século XIX era a outra entidade pela qual nutria um profundo afeto e com a qual tinha ligações espirituais de longa data e dívidas a saldar. Mais tarde, na vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades não menos evoluídas, como o Dr. Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Frederic Chopin e outras. 


Aos 8 anos repetiu-se o fenômeno de catalepsia, associado a desprendimento parcial. Aconteceu à noite e a visão que teve, a marcou pelo resto da vida. Em espírito, foi parar ante uma imagem do “Senhor dos Passos”, na igreja que freqüentava. Pedia socorro, pois sofria muito. 


A imagem, então, cobrando vida, lhe dirigiu as seguintes palavras: “Vem comigo minha filha, será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam”, aceitou a mão que lhe era estendida, subiu os degraus e não lembra de mais nada. 


De fato, Yvonne Pereira foi uma criança infeliz. Vivia acossada por uma imensa saudade do ambiente familiar que tivera na sua última encarnação na Espanha e que lembrava cm extraordinária clareza. Considerava seus familiares, principalmente seu pai e irmãos, como estranhos. A casa, a cidade onde morava, eram totalmente estranhas. Para ela, o pai verdadeiro era o espírito Charles e a casa, a da Espanha. Esses sentimentos desencontrados e o afloramento das faculdades mediúnicas, faziam com que tivesse comportamento considerado anormal por seus familiares. Por esse motivo, até os dez anos, passou a maior parte do tempo na casa da avó paterna. 


O seu lar era espírita. Aos 8 anos teve o primeiro contato com um livro espírita. Aos 12, o pai deu-lhe de presente “O Evangelho segundo o Espiritismo” e o “Livro dos Espíritos”, que a acompanharam pelo resto da vida, sendo a sua leitura repetida, um bálsamo nas horas difíceis. 


Aos 13 anos começou a freqüentar as sessões práticas de Espiritismo, que muito a encantavam, pois via os espíritos comunicantes. Teve como instrução escolar o curso primário. Não pode, por motivos econômicos, fazer outros cursos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o estudo e a leitura. Desde cedo teve que trabalhar para o seu próprio sustento, e o fez com a costura, bordado, rendas, flores, etc... 


A educação patriarcal que recebeu, fez com que vivesse afastada do mundo. Isto, por um lado, favoreceu o desenvolvimento e recolhimento mediúnico, mas por outro, a tornou excessivamente tímida e triste. 


Como já vimos, a mediunidade apresentou-se nos primeiros dias de vida terrena, através do fenômeno de catalepsia, vindo a ser este, um fenômeno comum na sua vida a partir dos 16 anos. 


A maior parte das reportagens de além-túmulo, dos romances, das crônicas e contos relatados por Yvonne Pereira, foram coletados no mundo espiritual através deste processo, na hora do sono reparador. A sua mediunidade, porém, foi diversificada. Foi médium psicógrafo e receitista (Homeopatia) assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Charles, Roberto de Canalejas, Bittencourt Sampaio. 


Praticou a mediunidade de incorporação e passista. Possuía mediunidade de efeitos físicos, chegando a realizar algumas sessões de materialização, mas nunca sentiu atração por esta modalidade mediúnica. 


Os trabalhos, no campo da mediunidade, que mais gostava de fazer eram os de desdobramento, incorporação e receituário. Como foi dito, através do desdobramento noturno que Yvonne Pereira navegava através do mundo espiritual, amparada por seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances com os quais hoje nos deleitamos. Como médium psicofônico, pode entrar em contato com obsessores, obsidiados, e suicidas, aos quais, devotava um carinho especial, sendo que muitos deles tornaram-se espíritos amigos. 


No receituário homeopático trabalhou em diversos centros espíritas de várias cidades em que morou durante os 54 anos de atividade. 


Foi uma médium independente, que não se submetia aos entraves burocráticos que alguns centros exercem sobre seus trabalhadores, seguia sempre a “Igreja do Alto” e com ela exercia a caridade a qualquer hora e a qualquer dia em que fosse procurada pelos sofredores. 


Foi uma esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no Brasil, quanto no exterior. 


Desde muito pequena cultivou o estudo e a boa leitura. Aos 16 anos já tinha lido obras dos grandes autores como Goethe, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle e outros. Escreveu muitos artigos publicados em jornais populares. Todos foram perdidos.


A obra mediúnica de Yvonne Pereira consta de 20 livros.







Yvonne do Amaral Pereira

Pedro Camilo



Aquele dia se fizera triste na residência dos Pereira.


Tendo nascido a 24 de dezembro de 1900, com 29 dias de vida a pequenina “Yphone”, como fora inicialmente registrada, sofrera um súbito acesso de tosse, seguido de sufocação, ficando como morta. Chamado o médico da pequena Villa de Santa Thereza de Valença, onde nascera, hoje cidade de Rio das Flores, sul do Estado do Rio de Janeiro, a morte por súbita sufocação foi constatada, e a certidão de óbito lavrada. Afinal, já se contavam seis horas consecutivas de rigidez cadavérica, corpo arroxeado e demais características próprias a um defunto.


Nem um choro era ouvido, nem um gemido. Sua mãe, com o amor que abundam dos corações maternos, não acreditava na morte da pequenina, e como sua fé fosse maior do que um grão de mostarda, orou a Maria Santíssima, Mãe de Jesus, rogando-lhe a intervenção sublime, para que a filhinha fosse trazida à vida. Certa de ser atendida, encerra seu apelo, dizendo:


- E como prova do meu reconhecimento por essa caridade que me fareis eu vo-la entregarei para sempre. Renunciarei aos meus direitos sobre ela a partir deste momento! Ela é vossa! Eu vo-la entrego! E seja qual for o destino que a esperar, uma vez retorne à vida, estarei serena e confiante, porque será previsto pela vossa proteção.

Diante de tão comovedora prece, a Misericórdia Divina compadeceu-se e fez a criancinha despertar com grito estridente, marco das duras provas em que mergulharia durante décadas de sofrimento...



“Aos quatro anos de idade já eu me comunicava com Espíritos desencarnados, através da visão e da audição: via-os e falava com eles.”, declara TUTI, como tão carinhosamente era chamada pelos familiares, em Recordações da Mediunidade, obra autobiográfica orientada por Dr. Bezerra de Menezes. Bezerra começou a acompanhá-la desde 1912, e sobre relação com O Médico dos Pobres, ela afirmaria mais tarde:


“Em toda a minha vida ele tem me guiado, aconselhado. Enfim, o Dr. Bezerra acabou de me criar e é ele quem ‘manda’ na minha vida; quem me dirige é ele.”

Também por volta dos 12 anos, recebeu de seu pai, espírita antes mesmo do seu nascimento, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e “O Livro dos Espíritos”, obras estudadas e vividas por ela durante toda sua existência.


Muitos Espíritos, além de Bezerra, secundaram-lhe na grande tarefa mediúnica realizada, como: Eurípedes Barsanulfo, na cura de paralíticos, dentre outros; Inácio Bittencourt que, juntamente com Bezerra e outros, orientava o receituário homeopático; Camilo Castelo Branco e Lev Tolstoi, ambos ditando-lhes obras psicográficas; Léon Denis e Chopin, orientadores prestimosos; Roberto de Canalejas, antigo afeto, e; Charles, guia e pai de outros tempos. Este último foi o que mais a marcou, pois nutriam uma afeição recíproca que varava a noite dos séculos, unidos por profundos laços de amor.


A recordação de existências pretéritas foi-lhe marca indelével. Ao todo foram cinco experiências relatadas psicograficamente por Charles, sendo duas em Sublimação, cuja autoria é dividida com Lev Tolstoi, também autor de Ressurreição e Vida, e na trilogia Nas Voragens do Pecado, O Cavaleiro de Numiers e O Drama da Bretanha. Era pretensão de Charles escrever sobre a encarnação que precedeu esta última, mas o Espírito Dr. Bezerra de Menezes interveio, asseverando que seria humilhação demasiada para uma única criatura.


Dedicou-se com afinco ao trabalho com suicidas, através da psicofonia e do desdobramento, posto ter cometido, algumas vezes, esse ato insano em outras existências. Mas foi com Memórias de um Suicida, psicografia de Camilo Castelo Branco, que Yvonne celebrizou-se no meio Espírita. Seu exemplo de prudência e bom senso, guardando a obra por quase trinta anos para certificar-se de quanto ali foi escrito, mereceu gratas considerações de Chico Xavier, que mui sabiamente a designou “Uma Heroína Silenciosa”.


Além das obras citadas, a abençoada faculdade de Yvonne do Amaral Pereira brindou a literatura espírita com as seguintes pérolas: Dramas da Obsessão e A Tragédia de Santa Maria (ditadas por Bezerra de Menezes), Nas Telas do Infinito (de Dr. Bezerra e Camilo Castelo Branco), Amor e Ódio (de Charles), Devassando o Invisível e Cânticos do Coração vols. I e II, sob assistência espiritual.


Notabilizou-se também pelas belíssimas crônicas escritas do próprio punho, sob o pseudônimo de Frederico Francisco (singela homenagem a Fréderic-François Chopin), algumas das quais encontram-se reunidas no livro À Luz do Consolador, compilado e editado pela Federação Espírita Brasileira em 1997.


Por tudo que significa, o nome de Yvonne do Amaral Pereira para sempre ficará registrado na história do Espiritismo no Brasil, e quiçá no Mundo. Afinal, foram quase 84 anos (seu desenlace se deu a 09 de Março de 1984, no Rio) de apostolado mediúnico, de fidelidade a Jesus e a Maria Santíssima, tutora e guardiã, sendo sua vida verdadeira ode ao amor, demonstrando a excelência da Doutrina Espírita na tarefa de redenção das almas arrependidas e decididas à edificação do Reino dos Céus em si mesmas!




Fonte:

Espiritismo Mogi. Disponível em www.espiritismogi.com.br/biografias/yvonne.htm. Acesso : 26 AG. 2012.

Portal do Espirito. Disponível em http://www.espirito.org.br/portal/artigos/pedro-camilo/yvonne-do-amaral.html.Acesso: 26  AG. 2012.






ENTREVISTA HISTÓRICA GRAVADA EM 1978 COM A MÉDIUM ESPÍRITA YVONNE DO AMARAL PEREIRA




Uma das maiores médiuns de todos os tempos, Yvonne do Amaral Pereira (1900 - 1984) concedeu entrevista em março de 1978 ao pesquisador Danilo Vilela, seis anos antes de sua desencarnação. O tema é mediunidade. 


Como educar, conviver e praticar sempre com Jesus e Kardec. Histórica, imperdível!



Acesse o link abaixo:


https://soundcloud.com/r-dio-emmanuel/ou-a-entrevista-hist-rica


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Publicado por Amigo Espírita em 22 março 2014 às 18:00 em Áudios Espíritas
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