Manuel Vianna de Carvalho
Por Mary Ishiyama
Diz Divaldo Pereira Franco que 1874 [10 de dezembro],
setenta anos depois de Allan Kardec, assinala a chegada à Terra de um herói das
cruzadas antigas, de um nauta das terras ensanguentadas de Saladino; de um
daqueles que foram defender o túmulo vazio de Jesus, mas que, agora, volta para
proclamar a indestrutibilidade do Cristo, que não necessitava de um mausoléu,
porque a sua mensagem é um poema eterno da imortalidade.1
Manuel Vianna de Carvalho reencarnou na família de Thomaz
Antônio de Carvalho e Josepha Vianna em Icó, Ceará.
Com apenas dezessete anos, Vianna contribui para a história
das letras do Ceará através da prosa e da poesia, na Escola Militar do Ceará,
na qual, juntamente com outros acadêmicos, era responsável pela redação da
revista Evolução.
Travando contato com a Doutrina Espírita, deslumbrou-se e
estabeleceu na própria Escola um núcleo de estudos espíritas, sendo o seu mais
entusiasmado propagandista.
Agigantou-se na divulgação do Espiritismo, após ter-se
matriculado no curso superior da antiga Escola Militar da Praia Vermelha, Rio
de Janeiro, em 11 de fevereiro de 1895.
Ainda acadêmico da Escola Militar foi transferido para Porto
Alegre, em 1896, e ali impulsiona o movimento espírita gaúcho, trabalhando com
as lideranças da cidade.
Em 1898, dá início à sua produção literária – Facetas,
contos e fantasias. Logo em seguida, publica Coloridos e modulações.
Retorna
para o Rio de Janeiro e retoma as preleções no Centro da União Espírita.
Em
tempos nos quais o Espiritismo apenas engatinhava, o poder de oratória de Vianna
facilmente reunia em torno de quinhentas pessoas, que ficavam em pé, nos
pequenos auditórios, para ouvir as belezas do seu verbo inflamado.
Em 1905, muda-se para Cuiabá, onde funda o Centro Espírita
Cuiabano. Em 1907, retorna ao Rio de Janeiro, entra no curso de Engenharia da
Escola do Realengo.
Torna-se orador oficial da Federação Espírita Brasileira,
faz viagens a São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo e passa
a colaborar com a revista Reformador.
Entre 1910 e 1911 vai para Fortaleza, cria o jornal O
combate, órgão de propaganda espírita e maçônica, funda o Centro Espírita
Cearense, o jornal O Lábaro, faz divulgações espíritas nos jornais A República
e Jornal do Ceará, o que alarma o clero local.
No final de 1911, muda-se para Curitiba.
Realiza
conferências no Teatro Alemão, na sede da Federação Espírita do Paraná e em
outras instituições.
Através do Diário da Tarde publica uma série de artigos
doutrinários que tiveram muita penetração.
Retorna para o Rio de Janeiro em 1912.
Dá inicio ao trabalho
de unificação dos grupos espíritas, resultando na fundação da União Espírita
Suburbana.
Entre 1913 e 1923 sua vida é uma eterna mudança entre Rio de
Janeiro, Maceió, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Pernambuco.
Em 1923, segue para Recife, reorganizando os Centros
Espíritas ali existentes, mantendo novas polêmicas com detratores do
Espiritismo.
Posteriormente ruma para o Ceará e daí para Sergipe, onde
fora designado para o comando do 28º B. C., em 1924.
Nesse Estado, as
atividades do Major Vianna também foram amplas.
Foi ele que, a partir de 1914, encetou uma campanha para a
criação, em todos os centros espíritas, de escolas de Doutrina Espírita,
destinadas às crianças.
Liderou, no Rio de Janeiro, uma verdadeira cruzada para a
criação dessas escolas, na Federação Espírita Brasileira – FEB e no Grupo
Discípulos de Samuel.
Em 1926, adoeceu gravemente, ficando decidido o seu
recolhimento ao Hospital de S. Sebastião, em Salvador.
Suas forças estavam
periclitantes.
Enfermo, a bordo do navio Íris, pede que cuidem de seu
violino, companheiro inseparável.
Era uma relação de amor a ponto de
dedicar-lhe uma prosa: Meu violino!!! –
Suave companheiro das horas de saudade,
só tu adivinhas o arcano da ânsia de infinito que me agita o pensamento.
Só tu
recebes compassivamente as confissões da tristeza de lutar com o tumulto das
injustiças humanas… porque possuis o heroísmo da fidelidade! –
Dileto amigo,
segue-me assim os passos no itinerário das renúncias dolorosas.
E, quando
chegar o ponto final – a morte – cala-te para sempre, porque aí estará
terminada a tua missão de espargir consolo em muitas horas de meu acerbo exílio
nas sombras deste mundo!!!2
Vianna não conseguiu chegar ao destino pois, na altura de
Amaralina, desencarnou a bordo.
Era o dia 13 de outubro. Seu corpo foi dado à
sepultura na Bahia.
Da Espiritualidade, Vianna continua espargindo o consolo do
conhecimento, inspirando o orador Divaldo Pereira Franco em sua oratória e,
através psicografando os livros: À Luz do Espiritismo, Enfoques Espíritas,
Médiuns e Mediunidades, Reflexões Espíritas, Atualidade do Espiritismo,
Espiritismo e Vida, publicados pela Editora LEAL.
Bibliografia
1 e 2 KLEIN FILHO, Luciano. O tribuno de Icó. Niterói, RJ:
Lachâtre, 1999.
3 _____. e CAJAZEIRAS, Francisco. Palavras de Vianna de
Carvalho. Fortaleza, CE: FEEC, 1995.
4________. A mensagem eterna de Vianna de Carvalho. São
Paulo, SP: DPL, 2002.
5 http://www.divaldofranco.com.br/noticias.php?not=257
Fonte
MUNDO ESPÍRITA. Disponível em http://www.mundoespirita.com.br/?materia=manuel-vianna-de-carvalho.
Acesso: 19 FEV 2015.
Vianna de Carvalho e Divaldo Pereira Franco
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