quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Manuel Vianna de Carvalho - Mary Ishiyama





Manuel Vianna de Carvalho


Por Mary Ishiyama


Diz Divaldo Pereira Franco que 1874 [10 de dezembro], setenta anos depois de Allan Kardec, assinala a chegada à Terra de um herói das cruzadas antigas, de um nauta das terras ensanguentadas de Saladino; de um daqueles que foram defender o túmulo vazio de Jesus, mas que, agora, volta para proclamar a indestrutibilidade do Cristo, que não necessitava de um mausoléu, porque a sua mensagem é um poema eterno da imortalidade.1


Manuel Vianna de Carvalho reencarnou na família de Thomaz Antônio de Carvalho e Josepha Vianna em Icó, Ceará.


Com apenas dezessete anos, Vianna contribui para a história das letras do Ceará através da prosa e da poesia, na Escola Militar do Ceará, na qual, juntamente com outros acadêmicos, era responsável pela redação da revista Evolução.


Travando contato com a Doutrina Espírita, deslumbrou-se e estabeleceu na própria Escola um núcleo de estudos espíritas, sendo o seu mais entusiasmado propagandista.


Agigantou-se na divulgação do Espiritismo, após ter-se matriculado no curso superior da antiga Escola Militar da Praia Vermelha, Rio de Janeiro, em 11 de fevereiro de 1895.


Ainda acadêmico da Escola Militar foi transferido para Porto Alegre, em 1896, e ali impulsiona o movimento espírita gaúcho, trabalhando com as lideranças da cidade.


Em 1898, dá início à sua produção literária – Facetas, contos e fantasias. Logo em seguida, publica Coloridos e modulações. 


Retorna para o Rio de Janeiro e retoma as preleções no Centro da União Espírita. 


Em tempos nos quais o Espiritismo apenas engatinhava, o poder de oratória de Vianna facilmente reunia em torno de quinhentas pessoas, que ficavam em pé, nos pequenos auditórios, para ouvir as belezas do seu verbo inflamado.


Em 1905, muda-se para Cuiabá, onde funda o Centro Espírita Cuiabano. Em 1907, retorna ao Rio de Janeiro, entra no curso de Engenharia da Escola do Realengo.


Torna-se orador oficial da Federação Espírita Brasileira, faz viagens a São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo e passa a colaborar com a revista Reformador.


Entre 1910 e 1911 vai para Fortaleza, cria o jornal O combate, órgão de propaganda espírita e maçônica, funda o Centro Espírita Cearense, o jornal O Lábaro, faz divulgações espíritas nos jornais A República e Jornal do Ceará, o que alarma o clero local.


No final de 1911, muda-se para Curitiba. 


Realiza conferências no Teatro Alemão, na sede da Federação Espírita do Paraná e em outras instituições. 


Através do Diário da Tarde publica uma série de artigos doutrinários que tiveram muita penetração.


Retorna para o Rio de Janeiro em 1912. 


Dá inicio ao trabalho de unificação dos grupos espíritas, resultando na fundação da União Espírita Suburbana.


Entre 1913 e 1923 sua vida é uma eterna mudança entre Rio de Janeiro, Maceió, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Pernambuco.


Em 1923, segue para Recife, reorganizando os Centros Espíritas ali existentes, mantendo novas polêmicas com detratores do Espiritismo.


Posteriormente ruma para o Ceará e daí para Sergipe, onde fora designado para o comando do 28º B. C., em 1924. 


Nesse Estado, as atividades do Major Vianna também foram amplas.


Foi ele que, a partir de 1914, encetou uma campanha para a criação, em todos os centros espíritas, de escolas de Doutrina Espírita, destinadas às crianças.


Liderou, no Rio de Janeiro, uma verdadeira cruzada para a criação dessas escolas, na Federação Espírita Brasileira – FEB e no Grupo Discípulos de Samuel.


Em 1926, adoeceu gravemente, ficando decidido o seu recolhimento ao Hospital de S. Sebastião, em Salvador. 


Suas forças estavam periclitantes.


Enfermo, a bordo do navio Íris, pede que cuidem de seu violino, companheiro inseparável. 


Era uma relação de amor a ponto de dedicar-lhe uma prosa: Meu violino!!! – 


Suave companheiro das horas de saudade, só tu adivinhas o arcano da ânsia de infinito que me agita o pensamento. 


Só tu recebes compassivamente as confissões da tristeza de lutar com o tumulto das injustiças humanas… porque possuis o heroísmo da fidelidade! – 


Dileto amigo, segue-me assim os passos no itinerário das renúncias dolorosas. 


E, quando chegar o ponto final – a morte – cala-te para sempre, porque aí estará terminada a tua missão de espargir consolo em muitas horas de meu acerbo exílio nas sombras deste mundo!!!2


Vianna não conseguiu chegar ao destino pois, na altura de Amaralina, desencarnou a bordo. 


Era o dia 13 de outubro. Seu corpo foi dado à sepultura na Bahia.


Da Espiritualidade, Vianna continua espargindo o consolo do conhecimento, inspirando o orador Divaldo Pereira Franco em sua oratória e, através psicografando os livros: À Luz do Espiritismo, Enfoques Espíritas, Médiuns e Mediunidades, Reflexões Espíritas, Atualidade do Espiritismo, Espiritismo e Vida, publicados pela Editora LEAL.




Bibliografia


1 e 2 KLEIN FILHO, Luciano. O tribuno de Icó. Niterói, RJ: Lachâtre, 1999.

3 _____. e CAJAZEIRAS, Francisco. Palavras de Vianna de Carvalho. Fortaleza, CE: FEEC, 1995.

4________. A mensagem eterna de Vianna de Carvalho. São Paulo, SP: DPL, 2002.

5 http://www.divaldofranco.com.br/noticias.php?not=257





Fonte

MUNDO ESPÍRITA. Disponível em http://www.mundoespirita.com.br/?materia=manuel-vianna-de-carvalho. Acesso: 19 FEV 2015.





Vianna de Carvalho e Divaldo Pereira Franco 

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