Manoel Philomeno Batista de
Miranda
Um dos
grandes nomes do Espiritismo na Bahia e no Brasil, cuja contribuição para a difusão e
organização da Doutrina Espírita no Estado é de valor inestimável.
Manoel Philomeno Batista de Miranda, filho de Manoel
Batista de Miranda e Umbelina Maria da Conceição, nasceu em Jangada, município
do Conde Estado da Bahia, , 14 de novembro de 1876 e desencarnou em 14 de julho
de 1942 e continua trabalhando até hoje .
A partir da década de 1970, o seu nome foi adotado em
psicografias, através da mediunidade de Divaldo Franco .
Tendo iniciado a sua vida profissional desde 1887, veio a
Salvador com os pais em 1894, a trabalho.
Diplomado como bacharel em comércio e fazenda pela Escola
Comercial da Bahia (atual Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade
Federal da Bahia) em 1910, “Miranda era um conjunto de dotes artísticos e
perfeitos.
Tão grande na moral e na modéstia, que poucos o
compreendiam” (SILVA, 1976).
Teve conhecimento da Doutrina Espírita através do médium
Saturnino Favilla, conhecendo, no mesmo ano, José Petitinga, com o qual
estabeleceria uma duradoura relação de amizade.
No ano seguinte, começou a frequentar as reuniões da União
Espírita Baiana/UEB, recém-fundada.
A partir de 1920, engajou-se nas reuniões
ordinárias da Diretoria da União, sendo eleito secretário no ano seguinte.
Segundo Leopoldo Machado, ele era conhecido pelo estilo
especial de tratar e doutrinar os assistentes das sessões (mediúnicas)
da União, sempre cheia de ouvintes interessados ou curiosos das lições
espiríticas de Miranda, baseadas sempre e infalivelmente num magistral
versículo evangélico. (...)
Gentleman, na expressão exata do termo, era um autêntico
diplomata espírita, capaz de resolver todas as dificuldades que sobreviessem em
qualquer sociedade, espírita ou não(SILVA, 1976).
Em 1939, com a desencarnação de José Petitinga, que era
presidente da UEB, Manoel Miranda (como assinava) assumiu a presidência da
União (na época ele era o vice-presidente). Escreveu 3 obras, sem assinar sua
autoria:
o opúsculo “Porque eu sou Espírita” (1931), em resposta ao padre
Humberto Rohden;
“Resenha do Espiritismo na Bahia” (1940) e
“Excertos que
Justificam o Espiritismo” (1941).
Ele foi pioneiro no trabalho de catalogação
dos Centros Espíritas existentes no Estado, tendo cadastrado cerca 18 Casas
Espíritas nos anos de 1940 e 1941, mas, dizia ele, sabia da existência de mais
de 100 Grupos estabelecidos .
Incansável nos trabalhos da União, Manoel Miranda, que
sofria de problemas cardíacos, nunca se furtava aos seus deveres enquanto
espírita.
Sofrendo horrivelmente do coração, subia inúmeras escadas,
afim de não faltar às sessões, sorrindo e sempre animado quando os espíritos,
conhecedores do seu melindroso estado, remendavam-lhe o máximo repouso. (...)
Mas ele, impávido, replicava que era o seu dever. (...) Sentia imensa alegria
em dar os seus últimos dias a serviço do Cristo. Não deixaria jamais de subir
aquelas escadas enquanto tivesse forças (SILVA, 1976).
Manoel Philomeno com sua família
Desencarnou às 21 horas do dia 14 de julho de 1942, aos 65
anos. Fiel discípulo da Seara do Mestre, até o seu desenlace, “demonstrou a
firmeza da tranquilidade dos justos, proclamando e testemunhando a grandeza
imortal da Doutrina Espírita” (Projeto Manoel Philomeno de Miranda).
Seu desencarne foi veiculado por diversos meios de
comunicação da época, como A Tarde e o Jornal da Bahia. Na revista “O
Reformador”, de agosto de 1942, foi publicado um texto em sua homenagem,
escrito por seu amigo baiano Leopoldo Machado:
Discípulo como nós, de José Petitinga, o Miranda assimilou
mais e melhor do que nós as lições do mestre. Até a voz e o jeitão de expor a
Doutrina, as atitudes e aspecto fisionômico! Vê-lo na tribuna, pregando o
Espiritismo, a cabeça tão branca e a voz tão mansa, era ver a José Petitinga!
Dir-se-ia a expressão material do mestre, como assinalamos
em nosso Ide e Pregai...
Na mesma revista, por autor desconhecido:
Por telegrama, de 14 de julho próximo passado, recebemos de
Aurélio de Assis, operoso colaborador da União Espírita Baiana, a notícia do
trespasse desse velho trabalhador da seara de Jesus, que vinha, na presidência
da prestigiosa instituição, mantendo altos créditos doutrinários, que de longa
data, lhe imprimira o venerando e saudoso José Petitinga, de quem se fizera
mais que amigo, fiel discípulo.(...)
Metódico por índole, disciplinado por princípio, Philomeno Miranda dedicava-se de corpo e alma ao instituto em que fez o seu tirocínio de muitos anos.
Ao lado de Petitinga, que tinha nele justificadas
esperanças, qual vimos na conduta exemplar.
Serenamente mantida, na cátedra da
União, após a desencarnação do íntegro preceptor e velho amigo, de quem, dizem,
assimilará não apenas a boa seiva doutrinária, mas os modismos pessoais, de
suavidade, simplicidade e brandura.
Quem assim se impunha à estima e admiração
dos seus companheiros de líderes espiritistas, não podia deixar de apresentar
um padrão de vida particular e social ilibado.
Porém, o seu trabalho não terminou com perda do corpo
físico. Schubert (1990) traz um relato de Divaldo Pereira Franco:
No ano de 1950 Chico Xavier psicografou para mim uma
mensagem ditada pelo Espírito José Petitinga e no próximo encontro, uma outra
ditada pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda (...).
No ano de 1970 apareceu-me o Espírito Manoel Philomeno de
Miranda, dizendo que, na Terra, havia trabalhado na União Espírita Baiana,
tendo exercido vários cargos, dedicando-se, especialmente à tarefa do estudo da
mediunidade e da desobsessão.
Quando chegou ao Mundo Espiritual, foi estudar em mais
profundidade as alienações por obsessão e as técnicas correspondentes da
desobsessão.
(...) Convidado por Joanna de Ângelis, para trazer o seu
contributo em torno da mediunidade, da obsessão e desobsessão, ele ficou quase
trinta anos realizando estudos e pesquisas e elaborando trabalhos que mais
tarde iria enfeixar em livros.
Ao me aparecer, então, pela primeira vez, disse-me
que gostaria de escrever por meu
intermédio.
(...) Depois de uma convivência de mais de um mês,
aparecendo-me diariamente, para facilitar o intercâmbio psíquico entre ele e
mim, começou a escrever “Nos Bastidores da Obsessão”, que são relatos, em torno
da vida espiritual, das técnicas obsessivas e de desobsessão.
Através da psicografia de Divaldo, Manoel Philomeno de Miranda (como assina em suas obras agora) escreveu mais de 15 livros, desde a década de 70, publicados pela FEB (Federação Espírita Brasileira) e a editora LEAL (Livraria Espírita Alvorada), sendo seu mais recente livro, “Transição Planetária”, publicado em 2010.
(...)Manoel
Philomeno de Miranda, cujas contribuições para a Doutrina foram e são do mais
alto calibre, apesar da sua imensa simplicidade, comprovada por todos os que
aqui o conheceram quando encarnado e aos que o conhecem enquanto valoroso espírito
imortal que o é.
Nossos singelos agradecimentos, nas palavras de Leopoldo
Machado.
Uma coisa, querido irmão e amigo, nós podemos garantir:
fizeste ótimo negócio, crê.
Deixar uma vida como a que vivias; e um mundo como o que
deixaste; e uma situação geral como que a Terra atravessa, não é o motivo para
pesares, mas para felicitações.
Eu te felicito, pois, Miranda amigo e irmão!
REFERÊNCIAS
Livros da União Espírita Baiana. (sem autoria)- Resenha do Espiritismo na Bahia. Tipografia Naval. Bahia, 1940;
__________________________________Excertos que Justificam o Espiritismo. Tipografia Naval. Natal, 1941
MACHADO, L. Miranda, irmão e
amigo. In: O
Reformador. Ano 60. Rio de Janeiro. Agosto, 1942
SCHUBERT, S. C. O semeador de
Estrelas. LEAL.
Salvador, 1990.
SILVA, A.M. Biografia de Manoel Philomeno Batista de Miranda. In: Presença Espírita n°33. Salvador. Novembro, 1976.
Livros psicografados
As obras de
Manoel Philomeno, psicografados pela mediunidade de Divaldo Franco, têm sido publicados
pela Federação Espírita Brasileira e pela Editora Leal, de Salvador.
Entre os
principais títulos, destacam-se:
Nos
Bastidores da Obsessão 1970 FEB;
Grilhões
Partidos 1974 LEAL;
Tramas do
destino 1976 FEB;
Nas
Fronteiras da Loucura 1982 LEAL;
Painéis de
Obsessão 1984 LEAL;
Loucura e
Obsessão 1988 FEB;
Temas da
Vida e da Morte 1996 FEB;
Trilhas da
Libertação 1996 FEB;
Tormentos da
Obsessão 2001 LEAL;
Sexo e
Obsessão 2003 LEAL;
Entre os
Dois Mundos 2006 LEAL;
Reencontro
com a Vida 2006 LEAL;
Transtornos Psiquiátricos
e Obsessivos 2009 LEAL;
Transição
Planetária 2010 LEAL;
Mediunidade
Desafios e Bençãos 2012 LEAL;
Amanhecer de
Uma Nova Era 2012 LEAL;
O mais
recente lançamento 'TRANSIÇÃO PLANETÁRIA' , 2010 LEAL, versa sobre os
mecanismos e as razões de ordem superior da transição planetária.
FONTE
FEEB.
Disponível em http://feeb.com.br/manoel/index.html . Acesso: 12 JAN 2013.
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