quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Eunice Weaver ( Eunice Sousa Gabi Weaver)





Eunice Weaver 
( Eunice Sousa Gabi Weaver)



Eunice Sousa Gabi Weaver nasceu em uma fazenda de café em São Manoel-SP, filha de Henrique Gabbi, um carpinteiro natural de Reggio, Itália, e de Leopoldina Gabbi, natural de Piracicaba, mas descendente de imigrantes suíços, tendo recebido educação austera. Sendo sua mãe portadora de hanseníase, quando Eunice  tinha três anos de idade, a sua família mudou-se para Uruguaiana-RS. Ali fez os seus estudos primários, no Colégio União.



Tendo prosseguido os seus estudos em São Paulo, formou-se na Escola Normal e fez o curso de  Educação Sanitária. Certo dia de 1927, em visita a uma família amiga, reencontrou o seu antigo professor e diretor do Colégio União, Charles Anderson Weaver, viúvo, casaram-se seis meses depois, tendo ido residir em Juiz de Fora-MG. Embora o casal não tendo tido filhos, Eunice cuidou dos quatro filhos do primeiro casamento do marido. 


Um ano mais tarde, Charles  foi convidado pela Universidade de New York  para dirigir a Universidade Flutuante da América do Norte,  instalada num transatlântico, que faria uma viagem ao redor do mundo para melhor formação de seus alunos. 


Tendo aceito o convite, partiu do  Rio de Janeiro acompanhado pela esposa, que aproveitou para estudar Jornalismo, Sociologia, Serviço Social e Filosofias Orientais, em visita a 42 países. 


Por onde passou, interessou-se pelo problema da hanseníase, principalmente nas ilhas Sandwich, Japão, China, Índia e Egito.



De volta ao Brasil, fundou em Juiz de Fora a Sociedade de Assistência aos Lázaros.  


De madrugada, quando passava o trem para Belo Horizonte, dirigia-se à estação ferroviária, a fim de prestar assistência aos hansenianos que eram transportados no vagão da segunda classe ao Leprosário Santa Isabel , naquela cidade. 


Ali, oferecia-lhes roupas, cobertores e refeições. 


Fundou o Educandário Carlos Chagas , em Juiz de Fora  (1921) e o Educandário Santa Maria, no Rio de Janeiro.  


Em 1935, obteve do então Presidente da República, Getúlio Vargas, a promessa de auxílio oficial para a obra, no montante do dobro do que ela conseguisse arrecadar junto à sociedade civil. 


Com esse acordo, Eunice dedicou-se a viajar por todo o país, divulgando a campanha da  Federação das Sociedades de Assistências aos Lázaros e Defesa contra a Lepra.



Foi a primeira mulher a receber a Ordem Nacional do Mérito, no grau de Comendador, em novembro de 1950, e a primeira pessoa, na América do  Sul,  a receber o  troféu Damien-Dutton. Publicou  "Vida de Florence Nightingale", "A Enfermeira" e "A História Maravilhosa da Vida". 


Representou o Brasil em inúmeros congressos internacionais sobre a hanseníase, tendo organizado serviços assistenciais no Paraguai,  Cuba, México, Guiatemala, Costa Rica e Venezuela.



Foi homenageada com o título de "Cidadã Carioca" e com o título de "Cidadã Honorária de Juiz de Fora" . 



Foi delegada brasileira no 12º Congresso Mundial da Organização das Nações Unidas, em outubro de 1967. 



Em diversos Estados do Brasil, instituições de assistência aos hansenianos levam o nome de "Sociedade Eunice Weaver". 



Em 09/12/1969, faleceu subitamente. 


O seu corpo foi sepultado ao  lado dos restos mortais do marido, no  Cemitério dos Ingleses, Rio de Janeiro. 


Fonte:
Wikipedia






Sua vida foi totalmente dedicada aos portadores do mal de hansen e suas famílias.


Era portadora de beleza particular, impressionava pela altivez sem imposição, pela decisão sem arrogância e pela simplicidade repassada de nobreza.


Sua mãe, de origem suíça, falava muitas línguas, imprimia hábitos de estudo e princípios morais austeros.


Eram muito amigas, e quando ela morreu moravam em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.


Foi estudar em São Paulo e, durante as férias na fazenda, ocorreu este fato.


" Começo de século, São Paulo, fazenda de café, próspera. No terreiro, vagaroso como numa procissão, vem entrando um bando em farrapos, os rostos ocultos. São mendigos, doentes, associados na miséria, no abandono da vida, que apanham agasalhos e alimentos deixados na porteira. As crianças da Casa Grande são levadas para dentro, às pressas, portas fechadas, cortinas corridas. Uma das meninas se esconde. Súbito, uma mulher abandona o grupo e aproxima-se. Há nela um vago ar aristocrático, restos de nobreza, voz serena, escondida na sombra do grande chapéu de palha, não se vê o rosto:


- "Sou Rosa! Mesmo que não se lembrem de mim, quero agradecer. Meus pais dizem que me suicidei, é melhor assim, seria segregada; joguei minha roupa no rio, pensaram que me afoguei. Casei-me com aquele homem. Nessa vida de cigano é melhor ser um só".


Rosa Fernandes fora uma linda jovem, filha de vizinhos, que se tornou cobiçada donzela e que a todos encantava, mas que havia, a algum tempo, desaparecido. Esta moça tinha contraído lepra nos tempos de colégio."


Nunca mais Eunice esqueceria os "Olhos de Rosa", e a partir deste episódio, começava o seu trabalho em benefício dos nossos irmãos chegados, como a Grande Servidora do Bem.


Ela talvez não tenha feito nada por Rosa Fernandes, mas o fez por muitas "Rosas" que desabrochavam dos seios de hansenianos, e que por enfermidade de seus pais não podiam permanecer com eles.


Em 1927, reencontrou Charles Anderson Weaver, que havia sido seu professor de latim.


Dirigia o Colégio Granbery, havia enviuvado e tratava da edição de seu livro, em São Paulo.


Eunice ficou fascinada por sua cultura, inteligência, bondade e brilhantismo de idéias.


Quando se casaram foram morar em Juiz de Fora, onde lecionou História e Geografia.


Foi mais do que um simples matrimônio, antes um encontro de almas mutuamente dedicadas, que se reuniram para um sublime ministério de amor e solidariedade humana.


Em seguida, Dr. Weaver foi convidado pela Universidade de Nova Iorque, a dirigir uma universidade flutuante, a bordo de um luxuoso transatlântico, que faria uma longa viagem, para melhor formação de seus alunos em volta do mundo.


Aceitando o honroso convite, partiu do Rio de Janeiro, acompanhado pela esposa em inesquecível cruzeiro de cultura e amor.


Eunice aproveitou para estudar jornalismo, sociologia e filosofia oriental visitando 42 países.


Mais tarde, estudou na Columbia University e fez curso de Serviço Social na Universidade de Carolina do Norte (EUA).


Como repórter, trabalhou durante a viagem, viveu um dia inteiro num templo budista, foi até o Himalaia de jumento e entrevistou durante quatro horas Mahatma Ghandi, um dos fatos mais emocionantes de sua vida - "Foi o homem mais próximo de Jesus Cristo que conheci".


Por onde andaram, ela procurou conhecer de perto o problema da lepra, o que em relação a ela se havia feito e o quanto restava por se fazer.


Estagiou em numerosos leprosários: nas ilhas Sandwich (no Pacífico Sul), no Egito, na China, no Japão e na Índia.


Em todo lugar recolhia material de experiência para o ministério redentor a que iria se entregar totalmente.


De volta ao Brasil, em Juiz de Fora, começou a fazer a campanha de assistência aos leprosos.


Foi fundada a Sociedade de Assistência aos Lázaros, pois, em Minas Gerais, nesta época, o problema da lepra era terrível: o trem passava de madrugada, o vagão de segunda classe cheio de doentes encaminhados ao único leprosário em Belo Horizonte, o Santa Isabel; e ela levava à estação, roupas, cobertores e refeições.


A recomendação era sempre a mesma: "Dona Eunice, tome conta de nossos filhos, não os deixe passar fome, não permita que fiquem doentes com esta terrível moléstia".


Aquilo ficava em seus ouvidos.


Sabia que a lepra não era hereditária, e a primeira campanha foi organizar preventório, mais tarde, transformados em educandários, com a preocupação de educar crianças sem recalques, fazendo-as participar da comunidade em condições normais.


Em 1935, com muita coragem, conseguiu convencer o Presidente Getúlio Vargas a ajudar oficialmente a obra, que lhe prometeu dar o dobro do que ela conseguisse junto a sociedade civil.


Naquela época, a classe política se esquivava do assunto pois acreditavam que a causa da lepra não daria frutos políticos.


Após esse acordo, Eunice passou a viajar por todo o Brasil, lançando a campanha da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra.


Uma das passagens mais interessantes durante as construções dos Educandários se deu no Amazonas.


Eunice estava no canteiro de obras da futura instituição que iria abrigar os filhos dos hansenianos daquela região quando, de repente, um bando de jagunços aparece e tenta impedir a obra sob a alegação que não queriam um leprosário no local, pois na região não existia lepra.


Eunice então, sugeriu ao líder dos jagunços que subissem o rio onde, em poucas horas ela lhe mostraria algum leproso, caso contrário, não construiria o Educandário.


Nesse instante, pegaram um barco e subiram o rio.


Após várias horas percorrendo o referido rio, nenhum leproso foi encontrado.


Os jagunços, com sua costumeira arrogância e cheios de si por terem conseguido impedir a construção do leprosário, resolveram dar a questão por encerrada.


Entretanto, num determinado momento, Eunice vendo uma choupana, disse: "Pare, aqui tem lepra!"


Ao descerem do barco concluíram que dentro da choupana haviam mais de trinta leprosos.


O líder dos jagunços, atônito com o fato ocorrido, abandonou as suas funções de jagunço e passou a ajudar na construção do Educandário.


Surgia naquele momento o primeiro coordenador do Educandário de Manaus.


Dona Eunice Weaver esteve presente, também, em memoráveis labores assistenciais, criando e ajudando obras meritórias surgidas no Brasil, como verdadeira sacerdotisa da fraternidade.


Foi a primeira mulher a receber, no Brasil, a Ordem Nacional do Mérito, no grau de Comendador, em Novembro de 1950, e também o troféu internacional "Damien-Dutton" (pela primeira vez outorgado a uma pessoa da América do Sul). Publicou a "Vida de Florence Nightingale", "A Enfermeira" e "A História Maravilhosa da Vida". 


Representou o nosso país em inúmeros congressos mundiais sobre a doença, organizou serviços contra a lepra no Paraguai, Cuba, México, Guatemala, Costa Rica e Venezuela.


Em 1960, Eunice Weaver recebeu o título de Cidadã Carioca ao completar 25 anos na direção da Federação e, em 11/09/1965, por indicação do vereador Pedro de Castro, recebeu o título de Cidadã Honorária de Juiz de Fora.


Em Outubro de 1967, foi para a ONU como delegada brasileira no 12º Congresso Mundial.


Sofreu, entretanto, incompreensões e experimentou amarguras sem fim.


Corajosa e arrebatada, possuía elevado caráter, que a permitiu manter-se lutando tenazmente em defesa dos seus "filhos", enfrentando dificuldades compreensíveis e situações complexas, nunca lhe faltando, porém, os auxílios da misericórdia do Senhor, e em hora alguma foi escasso o socorro do céu!


Apesar das dificuldades naturais, no mais, tudo eram felicidades e contínuas alegrias.


Mas, a batalhadora Eunice Weaver perde inesperadamente o esposo, rompendo-se o elo de luz que lhe sustentava o equilíbrio no labor de consolação e de misericórdia.


Na ausência do sempre solícito esposo, a jornada a sós lhe é mais difícil.


Amigos leais buscaram animá-la, confortando-a e encorajando-a para a luta, mas a ausência física do idolatrado companheiro, pungia fortemente.


Entretanto, em 1959, uma de suas amigas a levou até Pedro Leopoldo para conhecer o médium Chico Xavier e, a mensagem de paz e otimismo transmitida pelo médium, lhe deu forças para continuar.


Ela, agora sentia que seu marido não a abandonara.


E, com garra, voltou a enfrentar todas as tarefas que a vida lhe impusera.


Ora era a luta por verbas sempre escassas e difíceis, adiante, os serviços administrativos fatigantes.


As viagens contínuas e exaustivas, continuavam sustentadas pelo amor, feito de renúncia pelos menos favorecidos - "Os filhos do Calvário"-, marchando em direção do amanhã ajudada por centenas de mulheres valorosas que ainda prosseguem inspiradas no seu imorredouro exemplo.


Sempre trabalhando, faleceu em 9 de Dezembro de 1969, aos 67 anos, como sempre vivera: dedicada ao próximo.


Terminando de discutir compromissos com o Governo do Rio Grande do Sul, ela voltava feliz na expectativa de melhores dias para aqueles a quem considerava os seus de coração, quando foi subitamente chamada para a Vida Espiritual.


Transladado seu corpo ao Rio de Janeiro, lá foi velado na Igreja Metodista e sepultada no Cemitério dos Ingleses, ao lado do seu idolatrado esposo.


Seu trabalho missionário, entretanto, cresceu e prossegue no ministério do socorro e apoio aos hansenianos e suas famílias.


"Gigante como Eunice Weaver não morre; é como a vela: Se gasta no afã de servir, iluminando o caminho de alguém". Rev. Manoel H. da Silva Mário Albino Martins - Coordenador do Educandário Carlos Chagas



Eunice Weaver foi uma das mulheres mais brilhantes do país, dedicando-se toda a vida aos cuidados aos hansenianos.


Era detentora do título “A Servidora do Bem”.


Era muito bela e impressionava pela altivez sem imposição, pela decisão sem arrogância e pela simplicidade com nobreza, segundo contam pessoas que conviveram com ela.


Casou-se em 1927 com Charles Anderson Weaver, diretor do Colégio Granbery.


Acompanhando o marido, visitou 42 países e estudou Jornalismo, Sociologia, Serviço Social e Filosofia Oriental.


Interessou-se pelo problema da lepra e, de volta ao Brasil, fundou em Juiz de Fora a Sociedade de Assistência aos Lázaros.


Todas as madrugadas ela ia para a estação ferroviária dar assistência durante o embarque de leprosos que eram encaminhados ao leprosário de Belo Horizonte.


Para cuidar dos filhos dos leprosos – a doença não é hereditária – Eunice Weaver fundou o Educandário Carlos Chagas. Faleceu em 1969.


Fonte:
Crônica de Vera Brant da página: http://www.verabrant.com.br/quadro01.htm






Eunice Weaver - Uma vida para o bem. Eu não entendo porque certas pessoas envelhecem sorrindo”, disse-me um amigo.


Eu já entendia um pouco e passei a compreender muito mais no dia em que assisti a conferência dessa fabulosa senhora de cabelos grisalhos, olhos brilhantes e personalidade incomum: Eunice Weaver.


Foi há mais de trinta anos, ela era uma moça alegre, fez curso de sociologia e sentiu-se feliz com o seu diploma e capaz de, com ele, consertar o mundo, saltar as barreiras todas, vencer.


Hoje ela revive os seus primeiros passos e as suas primeiras lágrimas.


Um dia foi chamada pelo Presidente Getúlio Vargas para promover a instalação de educandários, em todo o País, a fim de receber os filhos dos leprosos que viviam, naquela época, à beira das estradas, jogados como lixo, porque as sociedades não os aceitavam nas suas proximidades.


Montada no cavalo, saiu a moça Eunice para a sua missão sem pensar, com certeza, que aquele momento significava o início de uma caminhada que duraria toda uma vida.


Sua primeira tristeza foi quando teve que convencer aos filhos das mulheres leprosas que eles deveriam se separar de suas mães para que pudessem crescer em ambiente são, livres da moléstia tão rude e tão má que atingira seus pais.

E quando pediu as essas mães que a deixassem levar os seus filhos para que pudessem, livres da doença, conviver com a sociedade e serem úteis a ela (essa mesma sociedade que as havia expulsado de seu convívio).


E as suas primeiras lágrimas brotaram quando essas mulheres, com as fisionomias de um sofrimento que ela não sonhava existir, abraçando com amor seus pequeninos filhos, abriam os braços permitindo que ela os levasse, eles, os seus filhinhos queridos, a única alegria naquele mundo de pesadelos, de isolamento e de dor.


A moça Eunice prosseguiu sua caminhada e veio construindo casas para receber essas crianças, veio construindo um mundo novo para que essa gente pudesse ter um mínimo que uma criatura humana pode exigir: Saúde e um lar.


Onde ela passava deixava o seu rastro de bondade e ia recolhendo seres humanos que se comoviam com o seu trabalho e passavam a fazer parte da sua equipe, movidos pelo amor ao próximo.


Um dia, já agora de cabelos brancos, D. Eunice recebeu uma carta de um leproso e, mais uma vez, se emocionou.


Ele agradecia a acolhida que seus filhos tiveram num dos educandários, falava da boa alimentação, da educação, do carinho com que foram recebidos e, muito especialmente, agradecia o amor que os havia tornado bondosos e generosos.


E fazia uma pergunta à D.Eunice, que a deixou engasgada de emoção. Mas esclarecia: a senhora pode não responder, se achar que não deve, mas eu preciso fazer para me desabafar:


Por quê a senhora escolheu, na vida, este caminho tão duro, de cuidar dessa raça de gente inválida que todo mundo tem pavor?


Dona Eunice não respondeu. Sorriu. 


Sorriu recordando as outras cartas de engenheiros, aviadores, advogados, professores, todos filhos de leprosos e por ela encaminhados na vida, durante esses trinta anos, narrando as suas vitórias, as suas conquistas, os seus trabalhos, que deram às suas vidas as alegrias sadias dos que são construídos com AMOR.


Eunice Weaver (Eunice Sousa Gabbi Weaver) , fundou a Sociedade de Assistência aos Lázaros e o Educandário Carlos Chagas. 


Primeira brasileira a receber a Ordem Nacional do Mérito. Representou o Brasil em inúmeros congressos internacionais sobre hanseníase.


O Amor dessa maravilhosa Eunice Weaver.


FONTE:
Espiritismo Mogi. Disponível em http://www.espiritismogi.com.br/biografias/eunice_souza.htm . Acesso: 30 AG. 2012.






Selo da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, 1973, um reconhecimento ao trabalho de Eunice Weaver



Ainda sobre Eunice Weaver - "Corajosa e arrebatada, possuía elevado caráter, que a permitiu manter-se lutando tenazmente em defesa dos seus "filhos", enfrentando dificuldades compreensíveis e situações complexas, nunca lhe faltando, porém, os auxílios da misericórdia do Senhor, e em hora alguma foi escasso o socorro do céu! 


Apesar das dificuldades naturais, no mais, tudo eram felicidades e contínuas alegrias. Mas, a batalhadora  Eunice Weaver perde inesperadamente o esposo, rompendo-se o elo de luz que lhe sustentava o equilíbrio no labor de consolação e de misericórdia. 


Na ausência do sempre solícito esposo, a jornada a sós lhe é mais difícil. Amigos leais buscaram animá-la, confortando-a e encorajando-a para a luta, mas a ausência física do idolatrado companheiro, pungia fortemente. 


Entretanto, em 1959, uma de suas amigas a levou até Pedro Leopoldo para conhecer o médium Chico Xavier e, a mensagem de paz e otimismo transmitida pelo médium, lhe deu forças para continuar."


FONTE:
Espiritismo Mogi. Disponível em http://www.espiritismogi.com.br/biografias/eunice_souza.htm . Acesso: 30 AG. 2012.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Amazonas Hércules 1912-2004




Amazonas Hércules   

 1912-2004



Amazonas Hércules foi exemplo de coragem diante das adversidades da vida.


Nascido em Manaus, no dia 5 de setembro de 1912, ficou órfão do pai antes de nascer e da mãe aos quatro anos de idade.


Sua madrinha, Lydia Cardoso Fernandes, a partir de então, passou a criá-lo. Ela, por ser espírita, deu-lhe as primeiras noções do Espiritismo, conduzindo-o às reuniões da Federação Espírita do Amazonas, de cujas atividades participava como voluntária.


Em 1954, Amazonas, portador da doença causada pelo bacilo de Hansen, antigamente chamada de lepra, internou-se na Colônia de Curupaiti, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, onde desencarnou em 28 de abril de 2004, aos 91 anos de idade.


Amazonas Hércules fez jus ao seu nome e sobrenome, pois era fisicamente robusto, e grande também quando sorria. A sua gargalhada gostosa transmitia a todos muito otimismo. Por essa razão, muitas pessoas sadias o procuravam em busca de ânimo para as lutas da vida. Por telefone, e pessoalmente, enxugou muitas lágrimas com sua palavra doce e confortadora, inspirada no amor de Jesus. Inúmeras vezes, mesmo sofrendo, escondeu suas próprias lágrimas para confortar aqueles que precisavam do seu coração amigo e generoso.


No Centro Espírita Filhos de Deus, que funciona nas dependências da Colônia de Curupaiti, Amazonas Hércules foi secretário por muitos anos. Com as falanges dos dedos das mãos atrofiadas pela hanseníase, ele datilografava toda a correspondência pressionando as teclas da máquina de escrever com um lápis que segurava entre a parte superior do dedo indicador e a do dedo médio. Tendo amputado a perna esquerda, também em conseqüência da enfermidade, Amazonas se locomovia de muletas para proferir palestras em diversos Centros Espíritas do Estado, e participar do programa "Educar para Crescer" da Rádio Rio de Janeiro.


Ao longo dos 50 anos internado em Curupaiti, desenvolveu, no "Filhos de Deus", amplas atividades assistenciais para o amparo dos familiares carentes dos hansenianos, mantidas até hoje, sendo uma delas a sala de curativos "Maria de Nazaré".


Era poeta, e declamava com muita propriedade poesias suas e de diversos autores. Em seu livro Canção da Esperança, o poema "Esteira de Luz" lembra a ressurreição do Cristo, em cujos versos finais diz Amazonas: 


"Na Galiléia ridente/ no lago, vasto celeiro,/piscoso, imenso mar,/vogavam barcos, veleiros,/na faina do dia-a-dia/(...) E um pescador diferente,/de olhos azuis como o mar,/louros cabelos voando,/beijados pelas brisas trazidas/ de todos os continentes,/(...) e o fato surpreendente,/testemunho mais que sublime,/eloqüente,/(...) foi a vida vencendo a morte/ na radiosa alvorada da sua ressurreição,/ após o terceiro dia de sua crucificação,/marco sublime, sem dúvida,/da vida eterna,imortal,/sublime "esteira de luz"/dessa estrela peregrina/ que foi o Mestre Jesus!".



Gerson Simões Monteiro



Fonte:
FEPARANA. Disponível em www.feparana.org.br. Acesso: 29 AG. 2012.







AMAZONAS HÉRCULES: LIÇÕES DE AMOR


Nasceu em 5 de setembro de 1912 e desencarnou em 29 de abril de 2004, a foto que acompanha nosso informativo é dele, quem não o conheceu?


Ou pelo menos ouviu falar do Gigante! Sorriso largo, sempre alegre, poeta, pronto para ajudar a todos que o procuravam, seu nome deveria ser AMOR!


Joanna de Angelis o definiu “...como um lutador do bem, temperado pelo sofrimento e trabalhado pelas mãos da renúncia e abnegação! Sua vida exemplificou uma lição de otimismo, coragem, fé e amor”.


Seus pais foram João Batista Gonçalves da Rocha e Luiza Maria da Conceição.


Ficou órfão de pai ao nascer e de mãe aos 4 anos de idade passando, então, a receber assistência amorosa de sua madrinha, Lydia Cardoso Fernandes, que não se poupava em atenções. Sendo ela espírita, Amazonas aflorou sua ligação com a Doutrina.


Dosando o carinho com a disciplina, Lydia conseguiu que o irrequieto menino completasse o primário. Fez o curso secundário na Escola do Comércio Sólon de Lucena e depois foi transferido para a Escola de Comércio da Associação Comercial.


A revolução de 1930 repercutiu em todo o país e sua família teve de se mudar para Paraná da Eva, indo residir no sítio Vilar dos Teles, onde conheceu uma nova vida, mas sua inquietude era incompatível com a placidez daquele lugar, e a falta de futuro em qualquer atividade levou-o de volta a Manaus em 1936, sozinho. 


Na capital, as dificuldades surgiram e o bater às portas em busca de um emprego parecia não ter fim até que o engenheiro, Dr. Marçal Ferreira, ofereceu-lhe uma oportunidade: ajudá-lo a de marcar os limites da cidade de Moura, no Rio Negro. 


Tempo bom, saudável, de andanças pelo mato, abrindo picadas, tomando banho no rio, respirando ar puro.


Em novembro do mesmo ano, de regresso a Manaus, foi incorporado ao 27 QBC. 


Viajou por quase todos os municípios do estado, o que lhe valera conhecimentos para responder pela Secretaria do Departamento de Estatística Militar e para a promoção a Estatístico Auxiliar. Era uma nova vida que começava.

No decorrer desse período, começou a notar novos fatos em sua saúde. 


O pé começou a apresentar uma fraqueza que atrapalhava a marcha normal e alguns sintomas já haviam aparecido anteriormente, porém nem no Exército foi diagnosticado o Mal de Hansen. 


Com a evolução da doença, os sintomas foram aumentando, as manchas aparecendo e desaparecendo e depois passou a ter desmaios com freqüência, o que o levou a uma junta médica e, enfim, ao diagnóstico.


O mundo desabou a seus pés. Saiu do consultório perturbado, aterrorizado com as perspectivas do que considerava “sua desgraça”. 


Aquele dia de pesadelo não terminaria! 


Quando chegou à repartição, uma nova decepção o aguardara. Os amigos e companheiros estavam estranhos, sérios, evasivos e distantes. Sentiu-se escorraçado! 


Em casa, a Dinda, com palavras de amor e carinho, procurou remendar e medicar as chagas abertas em seu espírito. Até aquela data, ele acompanhara sua Dinda às reuniões da Federação Espírita Amazonense e conhecia a Doutrina Espírita por ler os livros da madrinha. Embora não fosse convicto, aqueles conhecimentos o ajudaram a superar os impactos dos primeiros momentos.


Em setembro de 1944 veio para o Rio de Janeiro em busca de tratamento médico. Conseguiu trabalhar para custear suas despesas, chegou a ter três empregos e quando pediram a carteira de Saúde, tentou contornar o problema, mas não obteve êxito, o que propiciou o início de um tratamento sério a base de sulfona, custeado pelo IAPC.


Sua vida foi um exemplo de coragem, otimismo, fé e amor. Foi também por esse Amor que ele não mediu esforços, procurando partilhar com todos um pouco de seu carisma e de sua doçura.


“... com os trabalhos no Centro Espírita Filhos de Deus, passei a sentir a Doutrina em sua plenitude. A doença, com todo o seu cortejo de dores e sofrimentos, deixou de ter aquele significado de tragédia, do primeiro impacto. 


Passei a compreender o seu verdadeiro sentido de instrumento para minha recuperação espiritual. Senti a futilidade daqueles planos de ocupar uma posição de destaque na vida. Tais planos seriam, certamente a minha derrocada no desenvolvimento espiritual. 


Amputações, deformações e outras conseqüências da doença, deixaram de ser motivo de angústia e limitações para o trabalho. 


A Doutrina deu-me forças e energias para projetar-me em função do socorro a outros mais necessitados.”


Apesar do tratamento, o estado de saúde se agravou, resultando na internação no Hospital Colônia de Curupaiti, em 24 de julho de 1954. 


Ocorrera uma revolução total em que os valores subvertiam e acontecimentos pretéritos sem importância surgiam, com novos significados. 


O sentimento de oração que recebera da sua Dinda, que permanecia guardado nos porões da memória, adquiriu novo valor. 


O amadurecimento doutrinário, no entanto, aconteceu com seu ingresso no Centro Espírita Filhos de Deus, pelas mãos fraternas e amigas de Manoel Franco de Souza que o colocou no cargo de secretário, em 1956, dois anos após sua chegada no Hospital. 


Seu trabalho no bem ultrapassou as fronteiras de Curupaiti no Estado do Rio de Janeiro (Cenyra Pinto).


Com essas breves palavras, descrevemos rapidamente a vida de nosso Gigante, que hoje, na Pátria Espiritual, superou-se e continua trabalhando para amenizar as dores do mundo!


Que belo exemplo ele nos deixou! 


Trouxe no nome o estado em que nasceu e que abriga a maior floresta tropical do mundo e também o herói da mitologia grega Hercules, homem extremamente forte, mas de grande coração, que derrotou o terrível Leão da Neméia. 


É possível que a união dos dois nomes seja responsável pela grandeza e força que emanaram de AMAZONAS HÉRCULES! (Texto de Gerson Simão Monteiro)


Nós, trabalhadores do Centro Espírita Filhos de Deus o homenageamos intensamente, com a nossa humilde contribuição, dando continuidade aos trabalhos, criados por ele, nessa casa.


Atendendo sempre, que possível, a todos aqueles que batem nessa porta, ouvindo suas dores e ajudando-os em sua recuperação física, material e espiritual.


Temos muito que agradecer ao nosso querido Amazonas Hércules, pois foi através do seu exemplo, que arregaçamos as mangas e fomos abraçar esse trabalho que é tão gratificante, para todos nós!



Fonte
Boletim do Centro Espírita Filho de Deus . Rio de Janeiro 2012 Nº 67 /Ano 6 p. 4-6.





LAÇOS AFETIVOS


                                                 Luiz Carlos Formiga



O professor ainda terá espaço para trabalhar valores. O jovem se tornará mais apto para enfrentar seus desafios. Eu tive bons professores, na casa espírita e na escola. Mas a família estruturada é fundamental.


Fatores biológicos ou psicológicos podem impulsionar os jovens para a beira do precipício, mas esses impulsos são liberados ou bloqueados através da influência social e o que dá legitimidade às interdições sociais são os laços afetivos familiares. 


O afeto recebido no período infanto juvenil é que os torna capazes de tolerar e se submeterem às normas sociais e familiares, controlando seus impulsos ao invés de por eles serem controlados. 


Do Largo do Tanque nos deixava em Cascadura. Chegou repleto. Encontrei lugar. Inusitado, sentei rápido. Poderia ir no estribo, como todo jovem. O belo tipo, faceiro, tinha as mãos em garra. Olhei discretamente e percebi também orelhas alongadas. 



Na volta, chegando a casa relatei a sorte de ter encontrado lugar e falei sobre mãos e orelhas. 


Minha mãe falou-me sobre uma “colônia de leprosos” e que não me preocupasse. As pessoas podem apresentar sequelas, mas estão curadas. Não contaminam mais ninguém. 


Eu estava na era dos antibióticos e nem suspeitava que a minha monografia experimental de graduação seria com treze antimicrobianos. 


Tornei-me professor da faculdade de medicina e através dos laços afetivos visitava pacientes, na antiga colônia, agora Hospital de Dermatologia Sanitária. Lá funciona uma casa espírita.


Antes da faculdade, eu era jovem espírita, pois minha mãe havia me contaminado. O jovem, mesmo o espírita, tem suas depressões. Era tímido e não tinha coragem de abrir o coração. Minha mãe logo percebia o “momento de tristeza”. 


Era diferente do efeito colateral do antihistamínico que usava. Falou-me: “soube que aqui perto virá um palestrante muito bom. Por que você não dá um pulo lá e fica para o passe?”


Pelo visto era pessoa importante para os espíritas do Rio de Janeiro. Depois da prece lhe foi dada a palavra.


De longe parecia com o homem do bonde. Aquelas orelhas, as pálpebras caídas. Uma muleta apontava a deficiência física, mas quando começou a falar... Era um portador do “bem de Hansen”. Falou-nos da vida e com poesia lembrou Jesus.


Ele comentou que antes da doença havia pensado em ser político. Chegaria à prefeitura de sua cidade, mas a hanseníase votou nele.


O domínio cognitivo é traiçoeiro na terceira idade, mas quando penso naquele dia predomina o afetivo. 


Ele falou como Joanna: “ante as dificuldades do caminho e as rudes provas da evolução, resguarda-te na prece ungida de confiança em Deus, que te impedirá resvalar no abismo da revolta.” O paciente diz: “Mas, porque eu?”


O palestrante:“um pouco de silêncio íntimo e de concentração, a alma em atitude de súplica, aberta à inspiração, eis as condições necessárias para que chegue apaziguadora resposta divina.”


“Cria o clima de prece como hábito, e estarás em perene comunhão com Deus,fortalecido para os desafios da marcha.”


Depois de mais de 50 anos, não me lembro de suas palavras. Ficou a emoção como reforço da vacinação recebida no ambiente sócio familiar.


Aquele homem ensinava e emocionava como Renato Teixeira: “ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais”


Sua voz de Hércules, emoldurava o sorriso franco e largo: “é preciso, conhecer as manhas, o sabor das massas e das maçãs. É preciso amor, pra poder pulsar. É preciso paz pra poder seguir, É preciso chuva para florir.


Como se desejasse diminuir a compaixão de alguém, disse com humildade: “hoje me sinto mais forte. Mais feliz, quem sabe, eu só levo a certeza de que muito pouco sei, ou nada sei.”


Falou-nos de suas crenças e revelou que antes desdenhara a imortalidade da alma: “sinto que seguir a vida seja simplesmente conhecer a marcha e ir tocando em frente. Como um velho boiadeiro, levando a boiada, eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou. Estrada eu sou.


Nos fez recordar o bem da vida, a Lei de Ação e Reação: “cada um de nós compõe a sua própria história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz”.Acalmou-nos a alma falando do reencontro com nossos amores, aqui e no além. Eu precisava daquelas palavras.


Aquele palestrante não usava apenas a cognição. Palavras-luzes eram emitidas pelo coração: “todo mundo ama um dia. Todo mundo chora. Um dia a gente chega e no outro vai embora.”


Retornei renovado. Pedi a Deus que pudesse fazer o mesmo algum dia, como retribuição. Um dia, em 1988, ele me chamou ao Centro Espírita Filhos de Deus. Teríamos uma reunião com o Coronel Edgard Machado. 


Dela saí com a tarefa de escrever um texto para publicarmos em “cartas dos leitores”. 


Obrigado, Amazonas Hércules.    (Adaptação do texto original).



Fonte
Boletim do Centro Espírita Filho de Deus . Rio de Janeiro 2012 Nº 67 /Ano 6 p. 1-3.